Cada vez que pergunto pra alguém — ou alguém me pergunta — se gostou de uma pizzaria X, é muito raro a resposta ser “não”. Pensem nisso: 95% das vezes que foram jantar pizza fora, a pizza estava boa, aceitável… Enfim, não estava péssima.
Talvez não fosse a melhor, mas é preciso realmente muito esforço pra fazer uma pizza ruim.
E é justamente aí que mora o perigo.
Muitos pizzaiolos e negócios se aproveitam disso: acham que basta ter ingredientes saborosos, rotular a pizza como “napolitana” ou outro estilo conhecido, comprar um forno de 10/12 mil euros… e pronto, está feito.
Mas só conseguimos entregar um produto realmente excelente — que fique na memória — se ele tiver algumas características bem específicas, uma identidade.
E isso só acontece se a gente souber exatamente, a 1000%, o que está fazendo.
Se conhecermos profundamente os processos de fermentação.
Se soubermos, sem margem de dúvida, o que estamos colocando na massa.
Se respeitarmos tudo: os tempos, os ingredientes, os elementos (água, fogo).
Atenção: isso não é obrigatório.
Hoje o público está confuso, muitas vezes não tem conhecimento suficiente pra perceber o porquê de um resultado. Não sabe identificar o esforço e o estudo que existem por trás de um certo sabor.
Por quê? Repito: basta pouco pra uma pizza ser considerada boa.
Mas, pessoalmente, eu não quero parar por aí.
Me assusta a ideia de me contentar com isso.
Nem como formador.
Mas principalmente como pizzaiolo.
Quero ir além.
Quero pensar no que estou fazendo, na alquimia que crio — e não deixar nada ao acaso.
Quero respeitar de verdade os tempos, os ingredientes, os elementos.
Estamos criando um mundo baseado na aparência e na mediocridade. Porque hoje, infelizmente, isso basta.
Mas não devia bastar.
Façam o que sabem fazer de melhor — sem tentar ser outros.
Se são pizzaiolos, façam pizza.
Se são formadores, ensinem. Mas com responsabilidade.
Caso contrário, vão apenas alimentar o ego e a confusão que já existe nesse mundo.
A ognuno il suo mestiere, le capre a chi le sa tenere.